Com um estilo inconfundível, a exposição retrospectiva da obra de Yayoi Kusama: Obsesión Infinita, curada por Philip Larratt-Smith e Frances Morris, já percorreu a América do Sul passando por México, Brasil, Argentina e encontra-se atualmente no Chile.
A artista japonesa começou a interessar-se pela arte desde muito cedo, sendo influenciada pela pop art e o minimalismo, tendo criado seu próprio estilo que baseia-se em sua personalidade obsessiva. A obra torna-se interessante quando a obsessão transforma-se em espaço, tornando sua obra plana, num primeiro momento, em algo tridimensional. Seu trabalho, sempre minucioso e repetitivo, busca alcançar o espaço infinito e sugere uma reflexão sobre os limites no lugar que habitamos. São esses mesmos ou são impostos pela sociedade? Existe realmente um espaço infinito?
Ícone da arte no século XX, Yayoi Kusama nasceu em Matsumoto, Japão, em 1929. Desde muito jovem interessou-se pela arte e começou a pintar usando pontos com 10 anos, o que a levou a estudar Nihonga - pinturas de estilo japonês - em 1948. Mais tarde começou a desenvolver obras semiabstratas e séries, como a celebrada Infinity Net, caracterizada pela repetição infinita de arcos de pinturas. Em 1957 partiu para Nova York onde produziu pinturas influenciadas pelo expressionismo abstrato. Lá conheceu artistas famosos como Andy Warhol, Donald Judd e Joseph Cornell, um marco em sua carreira.
Da pintura passou às esculturas suaves - conhecidas como Accumulations - e logo às performances ao vivo e happenings - nos quais pintou participantes nus com bolinhas de cores cintilantes, tornando-se uma figura importante da avant garde cultural de Nova York.
Em 1973, voltou ao Japão e em 1977 internou-se voluntariamente numa clínica psiquiátrica localizada em Tóquio, onde vive até hoje. Desde então continua a produzir obras em diferentes meios, somado à publicação de vários textos, poesias e uma autobiografia. Reconhecidos museus do mundo, como MoMa, Whitney, Tate Modern, Reina Sofia e outros, tem apresentado retrospectivas de seu trabalho, o que a leva a ser conhecida como a artista viva mais célebre de seu país.
O título Obsessão Infinita sintetiza em duas palavras os polos do universo de Kusama. De uma parte “obsessão” tem a ver com a recorrência de ícones que essa artista tem trabalhado ao longo de sua carreira e, por outro, "infinita" refere-se à sua capacidade de trabalho e as alusões ao cosmos e os espaços sem fim.
A representação visual da obra da artista faz referência à pop-art e a quantidade mínima de recursos que utiliza a ligam diretamente ao minimalismo. No entanto, se deixamos a estética de lado vemos que sua obra transcende esses dois movimentos artísticos e sua obsessão centra-se no espaço, um espaço infinito onde não há limite entre os objetos, a natureza e as pessoas, pessoa real ou projetada no espaço, espaço real ou fictício. Na arte de Kusama todo objeto torna-se efêmero ante a infinidade do espaço.
Podemos entender as reflexões de Kusama se as relacionarmos com seus contemporâneos arquitetos. Os projetos utópicos dos anos 1960 e 1970 propõem uma cidade sem fim. O holandês Constant propôs em 1970 uma cidade amorfa, em constante crescimento, sem um começo mas também sem um final, chamada de “New Babylon.” O grupo italiano Archizoom com a “No-Stop-City” em 1969, fala de uma cidade elevada que pode expandir-se por qualquer terreno, clima ou situação. Também de origem italiano, o grupo Superstudio foi fundado em 1966, e seu maior projeto foi: "O Monumento Contínuo". Como a obra de Yayoi Kusama, essas cidades buscam encontrar um espaço infinito, que vão além dos limites até agora estabelecidos. Explorando, na arquitetura e na arte, novas possibilidades de criação.
A exposição "Obsessão Infinita", foi curada por Philip Larratt-Smith (Curador independente e escritor) e Frances Morris (Tate Modern desde 1988), já foi exposta no Brasil, México e Argentina e atualmente encontra-se no Chile. Cada uma das peças presentes nessa exposição foi criada pensando que o espectador interaja e faça parte do mundo surrealista da artista.
Instalación interactiva para niños: The Obliteration Room / Yayoi Kusama